Portfolios
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O portfolio de um aluno é, no fundo, uma pasta ou um dossier contendo elementos significativos do trabalho que ele realizou na disciplina ao longo de um ano lectivo ou mesmo de um ciclo.
O portfolio deve conter os principais trabalhos do aluno, incluindo relatórios que elaborou, problemas que resolveu, explorações e investigações em que esteve envolvido, sozinho ou em colaboração com colegas, testes que fez, etc. Esses elementos devem estar acompanhados dos comentários que o professor e o próprio aluno foram fazendo a propósito das diversas actividades realizadas. O portfolio deve reflectir globalmente o percurso do aluno, não se limitando aos aspectos cognitivos do seu trabalho mas incidindo igualmente nos aspectos de natureza afectiva. Nesta perspectiva, pode constituir um testemunho valioso o facto de se guardar, por exemplo, o trabalho preferido, os comentários feitos numa reflexão pessoal sobre uma actividade matemática, ou as respostas dadas a um questionário sobre as aulas.
A selecção do material a incluir no portfolio deve ser da responsabilidade conjunta do aluno e do professor. (...) Para o aluno, pode contribuir para desenvolver o sentido de responsabilidade e os hábitos de reflexão. Do ponto de vista do professor, ajudá-lo-á a ter uma visão global do trabalho do aluno e a focar sobretudo a sua evolução mais do que aspectos isolados ou pontuais daquilo que ele fez.
O portfolio não deve ser confundido com um dossier de trabalho contendo tudo o que o aluno fez por ordem cronológica. O seu valor, nomeadamente do ponto de vista da auto-avaliação, pode estar na selecção e organização do material que é incluído e na justificação que o aluno apresenta para a escolha desse material. Por isso mesmo, será útil destinar periodicamente algum tempo e atenção à tarefa específica de organizar o portfolio, uma tarefa que requer, ela própria, orientação da parte do professor.
Com base na experiência de utilização de portfolios na disciplina de Matemática por parte de diversos professores (...) propõem que o portfolio contemple: um índice, uma introdução descrevendo e justificando o seu conteúdo; e um certo número de trabalhos realizados. Cada um destes deve incluir a questão original que lhe deu origem, um título, a data de realização e eventuais comentários que lhe estejam associados. Desejavelmente, uma variedade de tipos de actividade deve estar representada por trabalhos diversos como: textos pessoais e ensaios; investigações e projectos; trabalhos relacionando a Matemática com situações da vida real ou com outras disciplinas; problemas e jogos. Uma sugestão particularmente interessante diz respeito à inclusão de uma “autobiografia matemática”, na qual o aluno reflicta sobre o modo como se relaciona com a Matemática. (...)
Para ser bem sucedida, essa utilização requer que o professor crie desde o início do ano hábitos de trabalho organizado na sua disciplina e ganharia muito, certamente, com a existência na própria escola de locais onde os trabalhos e materiais dos alunos pudessem ser guardados. Nenhum destes aspectos é fácil de assegurar. No entanto, desde que o professor disponha de condições mínimas para o fazer, e tendo o cuidado de ir avaliando e reorientando o próprio processo, o uso do portfolio poderá trazer contributos positivos à avaliação numa perspectiva da sua efectiva integração na aprendizagem. (...)
Embora possa fazer sentido centrar a avaliação em grandes objectivos transversais do currículo — resolução de problemas, raciocínio e conexões, comunicação, atitudes perante a Matemática — é talvez preferível atender à natureza específica e aos objectivos do portfolio, (...) estabelecendo categorias do tipo seguinte:
- selecção: diversidade e representatividade dos trabalhos escolhidos;
- reflexão: qualidade das justificações e dos comentários escritos;
- organização: estrutura e apresentação dadas ao portfolio.
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